Centenário melancólico do Treze

Ano sem títulos

O dia 7 de setembro de 2025 marca uma data histórica para o futebol paraibano. O Treze, um dos maiores representantes do futebol estadual celebra 100 anos de existência. Fundado em 1925, por 13 amigos apaixonados pelo futebol, o clube carrega o peso de uma tradição (agora) centenária, ladeada de conquistas e de outros momentos de glória para o futebol paraibano. Mas, apesar da memorável trajetória, o ano do centenário chega sem títulos e cercado por um futuro de incertezas.


Origem

A história conta que o futebol em Campina Grande teve um responsável direto, que depois se tornou peça-chave na fundação do Treze: Antônio Fernandes Bioca. Em 1913, ele foi o responsável por levar para a Rainha da Borborema a primeira bola de futebol.

A modalidade começou a se fazer presente no cotidiano da cidade e anos depois, em 07 de setembro de 1925, Bioca e outros 12 amigos, que se divertiam com o esporte, decidiram fundar o Treze Futebol Clube.

O nome? Surgiu de uma sugestão de José Casado, um dos entusiastas do recém-futebol praticado na cidade. A ideia foi que “se 13 pessoas fundaram o clube, então que o nome do time seja Treze, em alusão aos pioneiros da agremiação”.

Rivalidade com o Campinense

Nenhuma história do Treze pode ser contada sem mencionar o Campinense Clube, seu maior rival. O Clássico dos Maiorais, maior clássico do interior brasileiro, transcende o futebol: divide famílias, grupos de amigos e movimenta a cidade. São décadas de confrontos históricos, responsáveis por moldar a identidade esportiva da Rainha da Borborema.

Títulos

Na galeria de glórias, o Treze acumula 16 títulos de campeão paraibano, inclusive é o maior campeão paraibano do Século 21, ao lado do Campinense, ambos com sete títulos.

Apesar de campanhas memoráveis como as de 2000 e 2001, o alvinegro passou por um jejum na década seguinte levantar títulos, mais especificamente entre os anos de 2011 e 2020, apenas vendo seus arquirrivais Botafogo-PB e Campinense se alternando entre as conquistas nestes anos.

Sua última conquista no Paraibano foi em 2023 diante do Sousa, nos pênaltis, sob o comando do técnico William de Mattia.

Ainda tem outra conquista da qual o Treze se orgulha muito, tanto que a expõe em parte do seu estádio, o Presidente Vargas: o título de campeão brasileiro da Série B de 1986. Inclusive, essa história voltou à cena e ganhou um novo capítulo.

É que o presidente do Galo, Artur Bolinha, e os dirigentes do Central de Caruaru, Criciúma e Inter de Limeira, estão buscando junto à CBF (através da presidente da Federação Paraibana de Futebol e hoje vice da entidade nacional, Michelle Ramalho), o reconhecimento do referido título, pendente até os dias atuais.

O presente: centenário sem conquistas

Se o passado é glorioso, o presente é desafiador. Em 2025, ano em que chega ao centenário, o Treze não conquistou títulos e ficou longe de entregar à torcida a celebração que muitos esperavam dentro de campo. A temporada foi marcada por decepções e pela sensação de que o clube ainda não encontrou um caminho seguro para voltar a brigar de igual para igual no cenário nacional.

No Campeonato Paraibano, ainda garantiu a classificação para a semifinal, mas foi eliminado pelo Botafogo-PB perdendo o primeiro jogo e empatando o segundo.

Na Série D do Campeonato Brasileiro foi ainda pior. Ao lado do Sousa, amargou os dois últimos lugares na tabela de classificação. O Galo em 14 jogos venceu quatro, empatou um e perdeu nove.

Recuperação judicial e risco de falência

Fora das quatro linhas, a situação é ainda mais delicada. O Treze está em recuperação judicial, tentando negociar uma dívida que ultrapassa os R$ 31 milhões, segundo a diretoria atual. A proposta apresentada aos credores prevê cortes e parcelamentos pesados, mas até agora não trouxe a segurança financeira desejada.

A própria diretoria admite que, se não houver acordo com os credores, o clube corre o risco de ter a falência decretada. Nesse cenário, até o Estádio Presidente Vargas poderia ser atingido, agravando ainda mais a crise.

E o futuro?

Apesar da incerteza, a paixão da torcida e a tradição do clube mantêm viva a esperança de dias melhores. Para 2026, apenas o Campeonato Paraibano preencherá o calendário do Galo da Borborema, cenário difícil até mesmo para formar um elenco competitivo.

Para muitos torcedores alvinegros, o centenário precisa ser visto pelos que amam o Galo como ponto de reflexão: o Treze precisa se reinventar para sobreviver para, quem sabe um dia, voltar a ser protagonista no futebol da Paraíba e do Brasil.

Informações com Arena Correio

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