CBF manda clubes cancelarem contrato de transmissão da Série D

Imbróglio

A três dias de sua abertura, o Campeonato Brasileiro da Série D vive mais uma polêmica. Agora envolvendo a transmissão da competição e as cotas destinadas pela CBF para os clubes. O fato é que a competição corre um sério risco de ser disputada às cegas – ou pelo menos, a maior parte dos jogos. O canal Goat chegou a negociar com os principais clubes, mas teve que recuar depois que a CBF ameaçou cortar a ajuda de R$ 458 mil mais o apoio logistico para cada time participante.


Para entender melhor o imbróglio, é necessário mergulhar a fundo nas entranhas da última divisão do futebol brasileiro. Que, embora abrigue clubes de muita tradição, como Santa Cruz, Portuguesa, Treze e América-RN, só para citar alguns que já disputaram a Série A, é povoada por outros com pouca estrutura e que dependem do suporte financeiro da CBF para disputá-la. Isso inclui da logística de viagens até o pagamento de salários.

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O fato é que após o Arbitral não se falou em transmissão. E como em 2024 também não houve um interessado, os clubes resolveram agir por conta própria. Alguns acertaram com a Goat – casos de Treze, Sousa e Santa Cruz, times do Grupo 3. Outros estavam em negociação, como Central e Portuguesa. O fato é que, segundo esses clubes, a CBF não não só proibiu a negociação, como também ameaçou suspender o repasse financeiro para quem buscasse uma alternativa para transmissão dos jogos na Série D.

O Treze foi o único que se pronunciou oficialmente. Através das redes sociais, o clube paraibano lamentou a postura da CBF e disse que suspendeu o contrato com a Goat.

– Apenas na última sexta-feira, já no final do dia, depois de adiar o início da competição, a CBF concluiu o Conselho Arbitral da Série D do Brasileirão. Neste momento, a entidade informou aos clubes que, apesar de não haver comercializado os direitos de transmissão, os clubes também não poderiam fazer isso, sob pena de perderem o direito à premiação e ao apoio logístico para o Campeonato. Lamentavelmente, é um preço que o Treze não consegue pagar – disse o Treze, em nota divulgada na tarde desta sexta-feira.

Veja abaixo a íntegra da nota publicada pelo Treze:

A Confederação Brasileira de Futebol não comercializou nem custeou as transmissões da Série D do Campeonato Brasileiro no ano passado. Diante dessa experiência, e da informação de que a CBF também não havia comercializado nem tem intenção de custear a transmissão das partidas deste ano, o Treze chegou a um acordo com o Canal GOAT para a transmissão de suas partidas na Série D 2025, condicionado à autorização da CBF.

Faz parte da estratégia de qualquer clube de massa criar condições para acompanhar a tendência mundial de democratização de transmissões digitais, garantindo posicionamento e alcance para sua marca, e aproximação da sua torcida.

Na última sexta-feira a CBF concluiu o Conselho Arbitral da Série D do Brasileirão. Neste momento, a entidade informou aos clubes que, apesar de não haver comercializado os direitos de transmissão, os clubes também não teriam autorização para fazer diretamente esta negociação, sob pena de perderem o direito à premiação e ao apoio logístico para o Campeonato.

Lamentavelmente, é um preço que o Treze não consegue pagar.

Entendemos que um produto esportivo de viabilidade econômica ainda frágil como a Série D só conseguirá se valorizar se efetivamente existir para o público, se estiver disponível, se for ao ar. Mas esta não é uma decisão do Treze, e o clube respeita a prerrogativa da CBF de gerir este assunto.

Ao Canal GOAT, que temos certeza de que seria um aliado do fortalecimento da imagem e da marca do Treze ao longo deste Campeonato, agradecemos a confiança no Clube e na Torcida, e a compreensão para lidar com estes imprevistos contratuais da administração do futebol no Brasil.

Resta aos clubes que quiserem e tiverem condições, segundo a CBF, custear suas próprias transmissões.

Estamos buscando esta alternativa.

A posição da CBF

No fim da tarde desta quarta-feira, a CBF se pronunciou sobre o assunto. Em ofício endereçado aos clubes, assinado pelo diretor jurídico André Mattos, a entidade justificou a decisão alegando que “se encontra em negociações com empresas interessadas em transmitir as partidas (…) e como regra geral, a CBF concede aos detentores o direito exclusivo exibição das partidas de suas competições”.

No ofício, a entidade também se mostra preocupada com a responsabilização em caso de condenação judicial movida por terceiros. E que, de fato, o clube que optar pelo modelo de transmissão independenteperderão o custeio das despesas com arbitragem, logística com transporte, de qualquer natureza, hospedagem e alimentação, bem como o pagamento das cotas de participação e premiação ao longo da disputa da Série D.

A CBF, no entanto, liberou para os clubes a transmissão nos canais oficiais. O You Tube é a plataforma preferida da maioria deles. Sem o acerto com a Goat, o presidente do Sousa, Aldeone Abrantes, já adiantou que vai fazer os jogos como mandante na TV Dino, como já acontecera em 2024.

Informações com Globo Esporte PB

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