Açude Itans em Caicó está no volume morto

Secou

O Açude Itans, em Caicó, vive um dos momentos mais críticos desde sua inauguração. Com apenas 0,09% da capacidade total, o reservatório entrou oficialmente no chamado volume morto, quando não há mais água útil sequer para captação ou uso emergencial.


O cenário é considerado devastador por moradores, pescadores e agricultores que dependem do manancial. Imagens registradas nesta semana mostram centenas de peixes mortos às margens do açude, enquanto outros ainda agonizam na água turva e praticamente imóvel, tomada pelo mau cheiro — um retrato do colapso ambiental que se instalou no local.

De acordo com dados do Instituto de Gestão das Águas do RN (Igarn), o Itans — que tem capacidade para armazenar cerca de 75 milhões de metros cúbicos — não apresenta volume significativo há anos. A última vez que sangrou foi em 2009. Desde então, a irregularidade das chuvas e o longo período de estiagem levaram o reservatório ao esgotamento atual.

O impacto da seca também atinge os agricultores da região, que tentam, de forma improvisada, retirar o pouco de água que resta para manter pequenas plantações.

“Estamos aqui se virando nos 30, cavando para puxar alguma ‘aguinha’ e tentar salvar o que ainda resta. É triste demais ver o Itans desse jeito”, lamentou Jonas José, produtor rural que vive às margens do açude.

Durante décadas, o Itans foi a principal fonte de abastecimento de Caicó. Hoje, com a incapacidade total do reservatório, o município depende quase integralmente da adutora Manoel Torres, que traz água do Rio Piranhas. A situação reforça a fragilidade hídrica do Seridó e reacende o alerta sobre a necessidade de políticas permanentes de convivência com a seca.

Enquanto o nível do açude agoniza, moradores convivem diariamente com o mau cheiro, o acúmulo de peixes mortos e a incerteza sobre quanto tempo ainda levará para que o reservatório volte a ter vida.

Informações com Plantão Caicó

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